quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Centralizando

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Não é muito difícil cumprir a meta virgílica quando se está de férias e lendo as Iluminuras (faltando inspiração, é só ler Rimbaud que a coisa vai!). O grande problema é que a maioria do que sai da diluição da inspiração pura das imagens frenéticas da mascote de uma das versões do clube do haxixe não é lá muito publicável... Aliás, o próprio Rimbaud não conseguiu vender livro na época em que editou – ainda ficou devendo pra família. Foi só anos depois que alguém encontrou, num porão, dezenas de exemplares dos livros dele. Pois é. O loirinho acabou virando traficante de armas na Argélia e hoje não há almofadinha, pseudo-crítico, pretenso cult ou aspirante a escritor, poeta ou literato que não fique babando ‘Rimbaud pra cá, Rimbaud pra lá’ (mais ou menos como eu agora heheh).

Então, embora meu caderninho verde e até a agenda do ano estejam ficando sem espaço, ainda não tinha postado um texto por aqui... Apesar de que, se me perguntar o que ando fazendo, é até capaz do discurso parecer com o daquelas ‘modelo-manequim-atriz-estudante-de-jornalismo’ (elas sempre acabam indo estudar jornalismo, e eu sempre tenho que emprestar o caderno e dar cola. Nada contra vocês, queridas coleguinhas, mas, como bem sugerido por uma boa amiga, vou passar a vender a cola) que sempre aparecem nos “Jorge Horácio By Night da vida”. Pergunta pra ver: estou escrevendo ficção moderna direcionada a um público específico, traduzindo textos populares contemporâneos, lendo novos autores franceses (a respeito dos três itens anteriores, ver também o próximo post – verbete: fanfiction), me dedicando diariamente à poesia e eventualmente àquele bem conhecido projeto, meu livro – tem gente que pensa que é lenda, mas não é. Juro que um dia acabo...

Pois é, mas nada disso preenche a lacuna que todo escritor ou aspirante de nossa época deve preencher: o Blog!

Não gosto do ‘deve’. Muito possivelmente é o ‘deve’ que me atrasa.

Mas, o que escrever no Blog?

Tentei começar por uma coisa simples: aquilo que, no momento, me preocupa. Provavelmente nunca faltaria assunto, do jeito que esquento a cabeça:
– os conflitos de rua no Quênia;
– a situação calamitosa estagnada do Haiti;
– o paradeiro atual do Hubble (onde será que ele está, desamparado e perdido no espaço. Eu costumava ser tão apegada a ele...);
– a greve de roteiristas americanos que não acaba (é triste ser culturalmente colonizado...);
– o papel higiênico que acabou e eu vou ter de ir buscar na chuva;
– como manipular meu irmão pra que ele vá buscar o papel higiênico na chuva, em vez de mim;
– o personagem preferido que está lá, triste e sozinho enquanto não retomo as páginas;
– a eterna e intrigante questão: ‘será que minha poesia é tão ruim quando a dos Vogons?’ (Desculpa, não resisti. Culpa do Douglas Adams: “O Guia do Mochileiro das Galáxias” é o livro da minha vida esse mês). Um dia publico aqui, minha poesia;
– tem também a pergunta que provavelmente impulsionou humanidade em sua evolução até este ponto: o que vou almoçar hoje?

Tudo isso dá postagem. Mas nada nesse exato momento me preocupa mais que uma questão que é, na medida do possível de ordem prática e que, teoricamente está em minhas mãos solucionar: Como é que acerto esse raio de banner que não fica como quero? Sério! Toda vez que venho para o computador e começo a escrever, eu abro essa página e não agüento olhar a falta de simetria entre o banner e o título da página. Não é que eu tenha nenhuma neurose com o número de ouro não. Mas toda vez eu começo a mexer nas configurações e pronto: nunca que escrevo nada e nunca que acerto o banner. Já decidi fazer manualmente e aí me surge outra problemática existencial: a fonte. Que fonte escolher para não parecer pedante, arrogante, maçante ou esteticamente ignorante?

Isso até parece fútil, ou post de quem anda tentando demasiadamente criar empatia com coleguinhas ‘modelo-manequim-atriz-estudante-de-jornalismo’ (com o agora legítimo fim de estabilizar a situação econômica deste país emergente que sou eu). Mas não é. O banner é muito importante. Ele tem a inegavelmente crucial função de pelo menos embelezar ou distrair quem chegou até esta página, mas achou o texto um saco, ou grande demais (não se preocupe. Eu não fico chateada. Tem gente que acha a mesma coisa de Dostoiévski). Se o banner for bonitinho, sempre dá pra pensar: “Pelo menos tem um banner maneiro.”





P.S.: Se você tem alguma informação sobre a atual situação do Quênia, o paradeiro aproximado do Hubble ou uma dica de fonte que combine com o banner desta página, por favor entre em contato pelo emailparatalita@gmail.com

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