terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Não confie nas máquinas

Nem deposite esperanças todas em máquinas de crescimento acelerado – e tardio. Nem deposite esperanças todas em máquinas de crescimento acelerado – e tardio.



Há bastante tempo (muito tempo e tempo o bastante) os homens se puseram como peças de máquina. Foi-lhes imposto escolher. E a dor do vazio da alma incomoda menos que a dor do vazio no estômago – e a dor no estômago de quem se ama é também dor de vazio na alma.

Hoje eles já não vendem sua força de trabalho. São engrenagens. Não em um sentido figurado. Vivemos a Realidade Fantástica.

Em uma fila na favela, em busca de um emprego, ânsia vital de voltar a mover na máquina, seres humanos permanecem impassíveis, imóveis mesmo debaixo de saraiva e fogo. Policiais e traficantes seguiam atuando em seus papéis diários, trocando tiros, sem se importar se ali, naquele dia excepcionalmente, a esperança se materializaria potencialmente para aqueles em papel ainda mais digno de pena. População assustada? Não! Eles sequer se abalaram. Seguiriam seus destinos. Peças fora da engrenagem têm menos valor que homens mortos. Homens já sem vida; nenhum teve sangue derramado. A pólvora pouco pode contra porcas, parafusos e roldanas.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

X marks the spot

E os livros




Arquivo X foi possivelmente a obra de ficção que mais marcou a geração juvenil-or/and-cool dos anos 90. Tenho, aliás, marcas bem próprias deixadas pelos agentes do porão do FBI criados por Chris Carter. Conheci muitas coisas com Arquivo X: teorias conspiratórias, podrenga cult, como saber se você tem um implante alienígena te monitorando, algo de música clássica e rock’n’roll, como correr sobre o salto alto et cetera. Um compêndio de todo o conhecimento prático necessário às portas do advento do século XXI... Mas principalmente me marcou (advinha?) a Literatura.

A série tem referências inesgotáveis e explícitas a literatura. E não é só uma personagem citando uma vez ou outra. Vários episódios têm títulos de livros e, se você conhece, ou, melhor ainda, leu o livro, é capaz de fazer uma segunda leitura do que está sendo veiculado. É quase um episódio dentro do episódio.

Li diversas obras em função disso; de clássicos como “O vermelho e o negro” de Standhal, a contemporâneos como “O senhor das moscas”, e filosofia (mas ainda não sei pronunciar Heiddeger descentemente e hoje já não concordo com as idéias dele) entre tantos outros.
Guardo com carinho dessa época Moby Dick. O livro tinha um papel importante na vida da Scully e era significativo na construção da personagem. E conhecer Herman Melville e toda aquela prosa que capta a poesia das coisas também foi muito importante para mim.

Durante muito tempo acalentei o sonho de ser um espírito livre como Ismael e simplesmente sair sem o que me impedisse quando se abatesse a estação úmida e chuvosa sobre minha alma. Eu sabia de cór (de cór mesmo, de coração) o admirável primeiro parágrafo de livro e esperava o dia em que seria dona do meu nariz o suficiente – e aprenderia defesa pessoal o bastante – para sair e descobrir o mundo.

Então que entendi que não precisava necessariamente colocar o pé no mundo para conhecer o mundo. Eu já o estava conhecendo. E mesmo depois continuei a conhecer diversos mundos, tantos quanto posso em todo o tempo que tenho, na melancolia ou no êxtase. Sem mais esforço que seguir virando as páginas.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Acontece com todo artista um dia... (? ; ! ; ???)

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Bateu aquela crise existencial? Acontece com todo artista um dia... Dá só uma olhada:


GALHARDO, Caco. Umberto Ego e Gilberto Gideleuze mergulham no... Complexo Universo do Artista Pós-Moderno. Bravo!, Brasil, ano 6, n. 67, p.130, abr. 2003.



Eu tinha que compartilhar isso... heheh