domingo, 20 de julho de 2008

Os dias não têm culpa.

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Há muito tempo que não publico. Nem para mim mesma. Não tenho externado minhas vontades. E sou muito voluntariosa no quesito escrita.

Tenho que escrever (simples). Mas escolho o que escrever (complicada). O simples fato de ter a obrigação de fazê-lo, de escolher o tema (o mais prazeroso é também o mais difícil!?!) é muito capaz de me retrair (simplesmente complicada ou complicadamente simples?).

Sou desobediente e passional, Virgílio, que posso fazer? Talvez pedisse perdão à tua memória por ter te colocado nessa cool de entitular este blog com tua meta que não chego a cumprir para o mundo (que só um amigo ou outro leia: os seres são um mundo cada)... Mas sou voluntariosa, já disse.

Meu maior prazer não pode estar sob o julgo da obrigação. Foi assim que o último século nos esmagou. É por isso que passamos a amar a sexta-feira e odiar a segunda. Os dias não têm culpa. Prostituímos nossos prazeres. Todos nós. Encontramos algo que amamos e nos profissionalizamos nisso. Só pra vender nosso amor. E amar as sextas e odiar as segundas.

Não sou menos culpada. Se encontrasse alguém que me pagasse para ler – Literatura, claro. Bem, preferencialmente... – iria correndo. E por quê? Boa pergunta. Eu acho a resposta. Talvez apenas precise admiti-la – mas é necessário sair do sistema para isso. E como sou também filha deste século obscuro, isso pode demorar. Além do quê, não gosto tanto de apelar aos efeitos especiais...

Não quero ter que me afirmar. Só quero ler. E escrever. E tomar café. E não ter que voltar ao problema de que nem mesmo café magro é de graça. E de que o mundo como vai, não tem muita graça. E de que este discurso já é bem conhecido, e muitos até o acham lindo. Mas o mundo continua sem graça, e caminhando pra ficar também sem água.

Enquanto não sou paga para ler, muito menos para escrever, nem cruzo com nenhum coelho branco, continuo escrevendo. E lendo vorazmente. Amadora. Amante. Leitora.

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